sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Drácula: literatura e quadrinhos



* por Edson Rontani

“Carmila” é uma eficiente e angustiante história de vampiro. Mas ninguém, do gênero, conseguiu provocar maiores arrepios que o Conde Drácula. Provenientes das sombras regiões entre a vida e a morte, o vampiro é um dos mais resistentes mitos do terror. A crença nos vampiros sempre foi mais forte nos balcãs e esta foi a região escolhida por Bram Stoker (1837-1912) para situar o castelo do maior vampiro de todos: Drácula.
Stoker, um irlandês sempre em busca de sucesso literário, enveredou pelos métodos clássicos do folhetim ao contar a história do Drácula, publicado em 1897.
O público da época adorou, desde então, sobretudo com a propriedade advinda das muitas versões cinematográficas, o mito do vampiro implacável e elegante se fez crescer. Juntando a lenda da Transilvânia ao entrecho de uma peça popularíssima sobre vampiros , “Varney", ele cria o misterioso conde que mora num castelo e, com  força sobrenatural, dominando os elementos e os animais, é o príncipe das trevas. Um estranho marginal, cruel mas charmoso e fascinante, por isso mesmo, continua mais vivo do que nunca.
Com o fim da II Grande Guerra Mundial, os super-heróis dos quadrinhos começaram a perder o prestígio. Desgastados pelo excessivo uso de seus poderes contra o Inimigo nazista, agora continuava a repetir as mesmas fórmulas, enquanto o interesse do público diminuía cada vez mais.
Foi nessa época do pós-guerra que o desenhista americano Stan Lee, criador de vários super-heróis, também abandonou-os. Logo depois, em 1950, Stan Lee iniciava a explosão comercial de uma nova moda que estava surgindo: as dos contos de terror. Revistas como “Adult Fantasy”, “Tales of suspense”, “Strange Tales”, apareceram com sucesso nos estados Unidos, principalmente as histórias de Drácula.
No Brasil, a primeira revista de terror foi lançada pela Editora La Selva, de São Paulo, com o nome de “Terror Negro”, em 1950, apresentando um herói que tinha o mesmo nome da revista, mas nada de história de terror. Não deu certo e parou de ser publicada por uma temporada. Em 1951, a editora La Selva recebeu a proposta para lançar no Brasil a “Beyond”, uma das muitas revistas de terror que se publicavam nos Estados Unidos. A proposta foi aceita, e em agosto daquele mesmo ano, a revista começou a circular com o mesmo nome de “Terror Negro”, só que desta vez com histórias negras.
O Brasil foi campeão de publicações de revistas de histórias de terror nas décadas de 50 e 60, com mais de 100 títulos novos. Proibida nos Estados Unidos, as histórias de terror, começaram a ser produzidas aqui mesmo pelos brasileiros. Drácula, desenhado pelo brasileiro Nico Rosso, foi o personagem que mais histórias em quadrinhos teve em nosso país.

Matéria originalmente publicada no “Jornal de Piracicaba” em 14 de março de 1993

Nenhum comentário:

Postar um comentário