sábado, 20 de outubro de 2012

As décadas de ouro dos quadrinhos



* por Edson Rontani

O período de 1930 a 1940 foi o marco definitivo das histórias em quadrinhos. Ação e personagens fantásticos tomaram conta das páginas dos jornais diários e revistas próprias. Começando em 1929 com Tarzan, por Rex Maxon; Buck Rogers, por Dick Calkins, em 1930; Capitão César, por Roy Crane, em 1931; Dick Tracy, por Chester Gould, em 1932; Agente Secreto X-9, por Alex Raymond, em 1932; Brick Bradford, por Clarence Grey, em 1933; Flash Gordon e Jim das Selvas, por Alex Raymond, em 1934. Nesse ano surgiu o extraordinário mágico Mandrake, criado por Lee Falk e com desenhos de Phil Davis. Em 1935, surge Terry e os Piratas, por Milton Caniff. Em 1936, Harold Foster realizou sua obra mais ambiciosa: O Príncipe Valente. Em 1937 apareceu Red Ryder (Bronco Piler), de Fred Hermann, e, em 1938, Charlie Chan, por Alfred Andriola. Essa foi a década de uma verdadeira revolução das histórias em quadrinhos.
Em 1935, William M. Gaynes desenhou a primeira revista que continha diversas histórias em quadrinhos completas, em cores, e assim surgiram personagens como, Super-Homem, Batman, O Raio, Tocha Humana, Príncipe Submarino, Capitão Marvel, e muito outros heróis. Na década de 50, os desenhistas decidiram produzir em larga escala aventuras do faroeste. Pouca novidade e nem houve revelações, com exceção de dois bons desenhistas, Frank Robbin e John Cullen, autores de Big Ben Bolt.
Em 1950 as histórias em quadrinhos se encontraram em uma etapa plena de madureza e superante. Deve-se a vários fatores, pelo trabalho intenso e criativo que deu resultado a criação de ambientes, tramas e personagens que respondem a uma necessidade particular de temperamento do leitor. Pode-se afirmar que as histórias em quadrinhos americanas já impunham absoluta superioridade. No Brasil ela começou a evoluir em finais da década de 50, com crescente rapidez, aperfeiçoando-se em suas realizações e desenvolvendo-se em grandes proporções. Entre os desenhistas brasileiros que manifestaram-se destacam-se: André Le Blanc, Messias de Mello, Antônio Euzébio, Jayme Cortez, José Geraldo e outros. Muitas revistas brasileiras foram editadas na década de 50. A maioria dedicava-se às histórias de terror. Pouca oportunidade tiveram nossos desenhistas. As revistas produzidas por brasileiros não aguentaram a chegar até o final da década de 60. O único que se manteve no ramo e ainda se mantém é o autor da Mônica, Bidu, Cebolinha, o grande desenhista Maurício de Sousa.

Matéria originalmente publicada no jornal “Tribuna Piracicabana” em 19 de fevereiro de 1993

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


O Doodle desta segunda-feira (15/10/2012) é uma homenagem ao cartunista e animador Winsor McCay. Para homenageá-lo, o Google substituiu as letras do logotipo da página inicial de buscas pela mais famosa tira semanal do artista, chamada "Little Nemo in Slumberland", que completa 107 anos hoje.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Drácula: literatura e quadrinhos



* por Edson Rontani

“Carmila” é uma eficiente e angustiante história de vampiro. Mas ninguém, do gênero, conseguiu provocar maiores arrepios que o Conde Drácula. Provenientes das sombras regiões entre a vida e a morte, o vampiro é um dos mais resistentes mitos do terror. A crença nos vampiros sempre foi mais forte nos balcãs e esta foi a região escolhida por Bram Stoker (1837-1912) para situar o castelo do maior vampiro de todos: Drácula.
Stoker, um irlandês sempre em busca de sucesso literário, enveredou pelos métodos clássicos do folhetim ao contar a história do Drácula, publicado em 1897.
O público da época adorou, desde então, sobretudo com a propriedade advinda das muitas versões cinematográficas, o mito do vampiro implacável e elegante se fez crescer. Juntando a lenda da Transilvânia ao entrecho de uma peça popularíssima sobre vampiros , “Varney", ele cria o misterioso conde que mora num castelo e, com  força sobrenatural, dominando os elementos e os animais, é o príncipe das trevas. Um estranho marginal, cruel mas charmoso e fascinante, por isso mesmo, continua mais vivo do que nunca.
Com o fim da II Grande Guerra Mundial, os super-heróis dos quadrinhos começaram a perder o prestígio. Desgastados pelo excessivo uso de seus poderes contra o Inimigo nazista, agora continuava a repetir as mesmas fórmulas, enquanto o interesse do público diminuía cada vez mais.
Foi nessa época do pós-guerra que o desenhista americano Stan Lee, criador de vários super-heróis, também abandonou-os. Logo depois, em 1950, Stan Lee iniciava a explosão comercial de uma nova moda que estava surgindo: as dos contos de terror. Revistas como “Adult Fantasy”, “Tales of suspense”, “Strange Tales”, apareceram com sucesso nos estados Unidos, principalmente as histórias de Drácula.
No Brasil, a primeira revista de terror foi lançada pela Editora La Selva, de São Paulo, com o nome de “Terror Negro”, em 1950, apresentando um herói que tinha o mesmo nome da revista, mas nada de história de terror. Não deu certo e parou de ser publicada por uma temporada. Em 1951, a editora La Selva recebeu a proposta para lançar no Brasil a “Beyond”, uma das muitas revistas de terror que se publicavam nos Estados Unidos. A proposta foi aceita, e em agosto daquele mesmo ano, a revista começou a circular com o mesmo nome de “Terror Negro”, só que desta vez com histórias negras.
O Brasil foi campeão de publicações de revistas de histórias de terror nas décadas de 50 e 60, com mais de 100 títulos novos. Proibida nos Estados Unidos, as histórias de terror, começaram a ser produzidas aqui mesmo pelos brasileiros. Drácula, desenhado pelo brasileiro Nico Rosso, foi o personagem que mais histórias em quadrinhos teve em nosso país.

Matéria originalmente publicada no “Jornal de Piracicaba” em 14 de março de 1993